Quinta-feira, 15.04.10

Vaticano sacode água do capote e liga directamente pedofilia à homossexualidade

sondagem euronews

Não sei o que é pior, se as declarações do cardeal Tarcisio Bertone, que ligou a homossexualidade à pedofilia, se o facto da maioria das pessoas que votou nesta sondagem da Euronews achar que a comunidade gay não se deve sentir insultada pelo sacudir de água do capote feito por parte do Vaticano, que antes disto andava a tentar ocultar do público os imensos casos de pedofilia dentro da igreja.

Não basta a igreja cristã ter uma visão completamente retrógrada em relação à homossexualidade, ainda lhe atribui a culpa da pedofilia. Mais, as pessoas, como podem ver pelo screenshot da sondagem, ainda concordam com isso. A diferença não é muita, mas o «não» ainda está à frente, o que não é bom sinal.

Também, este «não» não tem que ser necessariamente concordância com a relação directa, atribuída pelo número 2 do Vaticano, entre a homossexualidade e a pedofilia. De certeza que há pessoas que, embora achem as declarações infelizes, não vêm motivo para tanto alarido. Mas eu não vejo as coisas dessa forma; acho que o «não» significa mesmo que estão de acordo com o cardeal Tarcisio Bertone, o que é triste e relevante do mal que a religião faz. E isso é um dos motivos porque concordo com Sam Harris em relação à religião, seja ela qual for.

pedofilia na igreja
ilustração de Xavier Bonilla

Se um homem ou uma mulher se sente atraído ou atraída por pessoas do mesmo sexo não significa que se sinta atraído ou atraída por crianças do mesmo sexo, como defende Bertone, invocando psicólogos e psiquiatras. Se assim fosse, o mesmo raciocínio aplicar-se-ia aos heterossexuais, porque eles também se sentiriam atraídos por crianças, mas do sexo oposto, algo que o cardeal convenientemente esqueceu de mencionar. Isto não tem lógica! Ser homossexual não é sinónimo de pedófilo, tal como heterossexual não o é.

Os mesmos psicólogos que Bertone invocou para defender que a homossexualidade está ligada directamente à pedofilia foram os primeiros a reagir contra as suas declarações. Uma das reacções veio de Marta Crawford, licenciada em Psicologia Clínica e especializada em Sexologia Clínica, que afirmou não ver «qualquer relação entre pedofilia e homossexualidade. A pedofilia não é só relacionada com comportamentos com pessoas do mesmo sexo. Logo aí a relação nem sequer se coloca». «Ser pedófilo não significa ter relações com pessoas do mesmo sexo, significa ter relações forçadas com pessoas de outra idade. A pedofilia é uma situação clínica diagnosticada, enquanto a homossexualidade não é uma doença e nada tem a ver com situações de abuso sexual sobre outros», acrescentou a psicóloga.

Mais valia o Vaticano admitir a porcaria que tem feito em relação a toda esta questão, em vez de mandar representantes atirar areia para os olhos das pessoas. É vergonhoso que, mais uma vez, se tentem descartar das culpas que têm, quanto mais não seja por protegerem os padres que cometeram estes crimes. A pedofilia é um crime grave e não devia ser tratada da forma leviana como o Vaticano está fazer.

alguma desta informação teve como fonte o bitaites.org

publicado por brunomiguel às 03:49 | link do post | comentar
Segunda-feira, 30.03.09

Ainda vamos ter um churrasco de bispo

A posição actual do Vaticano em relação ao uso de preservativo é clara: não deve ser usado e, ao contrário do que a ciência mostra, não ajuda a prevenir - e evitar - infecções do VIH. Aliás, eles até defendem que a utilização do preservativo contribui para o aumento do número de novos casos de infecções. Nalguns locais, a isto chama-se "obscurantismo"; noutros, apenas "perfeita idiotice". Mas temos que tentar respeitar a posição desta instituição político-religiosa, mesmo que as altas hierarquias dela (principalmente estas) não o façam [dizer que se faz não basta].

Dentro da própria instituição nem todos concordam com esta posição... vá, parva. Uma das vozes discordantes é a de um bispo de Viseu, que defendeu que as pessoas com vida sexual activa têm a "obrigação moral de se prevenir e não provocar a doença na outra pessoa". Assim que soube disto, o Vaticano começou logo a preparar uma resposta oficial a estas declarações que vão contra a sua posição oficial, que deverá ser tornada pública nos próximos dias.

Estou curioso para saber qual vai ser a tomada de posição do Vaticano em relação às declarações deste bispo. Surpreenderão o mundo ao aceitá-las, irão castigá-lo com chibatadas, excomungá-lo ou queimá-lo vivo? Para mim, a ordem da probabilidade da pena é inversa à das hipóteses que aqui apresentei. Mas, hei, posso vir a ser surpreendido pela positiva; já o fui com a declaração deste bispo e do bispo das Forças Armadas.

Para além da curiosidade em saber qual a resposta do Vaticano, mais importante para mim é conseguir perceber porque é que esta instituição quer condenar à morte milhares de pessoas e quer que outras tantas matem outros seres humanos através da infecção com o VIH. Eu acho que isto é motivado pelo medo de quebras nas contribuições feitas durante os peditórios das missas. Reparem nesta simples - e provavelmente correcta - lógica: se as pessoas compram preservativos gastam dinheiro, e se gastam dinheiro sobrará menos - ou mesmo nada - para dar à igreja; ainda por cima têm-se menos filhos, causando uma diminuição do número de fiéis, o que vai afectar, igualmente de forma negativa, as finanças da igreja. Um cenário destes é apocalíptico, por isso toca a culpar o preservativo, e que se lixem os danos colaterais.

Sábado, 01.09.07

Água benta não entra nos aviões

aleluia_boas_festas
À uns dias atrás, o Vaticano anunciou a criação de linhas de voo para locais sagrados do cristianismo, ao fazer um acordo com uma companhia aérea "low-cost". Um destes voos foi de Roma para Lourdes, em França; 128 passageiros embarcaram neste voo, possivelmente à procura de iluminação espiritual ou apenas para passar as férias.
À vinda para Roma, as autoridades francesas apreenderam a água benta recolhida pelos peregrinos. Ninguém podia entrar com garrafas com mais de 100 ml de uma substância líquida no avião, a não ser que fizesse o check-in das garrafas.
Há aqui uma coisa que me faz confusão. Supostamente é proibido adorar estátuas e cenas assim no cristianismo, mas as garrafas que os peregrinos adquiriram tinham a forma de uma santa e as igrejas estão cheias de estátuas. É o direito ao contraditório?
Continuando. Isto não agradou aos peregrinos, que reclamaram junto das autoridades presentes, mas felizmente as regras anti-terrorismo também se aplicam a eles.
Agora a pergunta. Quando for criada uma linha de voo para Fátima, será que as autoridades portuguesas vão aplicar estas regras ou vão fazer vista grossa?

{Fonte: Telegraph.co.uk, via Boing Boing}

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