Há uns dias, alguns militantes do PCP encontravam-se a distribuir panfletos, acerca do PEC, em frente ao edifício onde trabalho. Neles, criticavam o Plano de Estabilidade e Crescimento apresentado pelo Governo e propunham algumas soluções, como o aumento do salário mínimo para €600 até 2012, se não me engano.
Quando fui abordado por uma das pessoas que distribuía os panfletos, senti-me insultado. O homem, de braço estendido e papel na mão, diz-me «É do Avante», como se eu fosse burro que não soubesse o que é o PCP e o PEC, e que só acharia interessante por ser deste evento do Partido Comunista Português. Sinceramente...
Abordagens estúpidas à parte, ontem fomos jantar a um restaurante japonês e a conversa acabou por incluir a actual situação económica do país e esta proposta de aumento do PCP. Eu disse que defendia um aumento do ordenado mínimo e ela disse que isso, agora, é irrealista.
Eu defendo este aumento porque, com €475 de ordenado base mais subsídio de alimentação, com renda para pagar, vejo-me à rasca para chegar ao final do mês com algum dinheiro que seja. Mas ela apresentou alguns bons argumentos para mostrar que o aumento, de momento, não é viável para a situação económica do país: a crescente dívida do país e a necessidade de arranjar receita (que poderá passar por um aumento dos impostos, já por si demasiado altos para a carteira da maioria dos cidadãos).
Não é que ela esteja contra. Bem pelo contrário. A actual situação, para ela, é que não permite que esse seja um objectivo realista se queremos recuperar e deixar de ser um dos PIGS da Europa, mesmo que estejamos neste momento na fase de recuperação (ainda que lenta) da crise.
Eu tomei em consideração os argumentos, não por termos uma relação (que foram mais do que os que aqui indiquei), mas porque ela sabe muito de economia e finanças, ou não fosse essa a área dela. O prémio que recebeu por causa da tese dá-lhe ainda mais credibilidade. E, claro, como é tão fixe é impossível não lhe dar razão. ;)
Com esta conversa, concluí que tão depressa não teremos o ordenado mínimo ao nível que deveria estar para fazer face ao custo de vida. Nem mesmo quando a situação económica de Portugal estiver de boa saúde (sim, eu perdi quase totalmente a confiança na classe política e na sua capacidade para resolver problemas).