Sábado, 15.11.08

O regime de faltas do novo Estatuto do Aluno

Nestes últimos dias, tenho visto e lido muitas notícias sobre as manifestações dos alunos, e até brinquei aqui um pouco com as situações em que tentaram encher a Ministra da Educação de ovos, mas ainda não vi nada sobre o tal Estatuto do Aluno. Onde é que ele está, em que consiste e quais os motivos (não vale o «ah, acho o estatuto injusto» e suis géneris vagos) para estas manifestações?
Como não me parece que alguém me vá dizer onde estão as injustiças do novo Estatuto do Aluno, nem mesmo os media (nos telejornais que vejo e jornais que leio, ainda não vi nenhuma explicação do estatuto), fui ao site do Ministério da Educação a ver se o encontrava lá. Encontrei-o em PDF e prontamente o descarreguei. Ontem à noite, e hoje, dei uma vista de olhos nalguns artigos e fiquei reticente ou com dúvidas em relação a alguns pontos.

O que me causou reticências foi aquilo que me parece ser a assunção de que uma prova de recuperação vai servir para o aluno recuperar a matéria perdida devido ao número de faltas. Mas, como não li todos os artigos, não sei se eles esperam que o aluno faça a tal prova e de repente fique a saber a matéria que tinha perdido, ou se existe ali algo pensado para o aluno se preparar para a tal prova. E também não sei se eles pensam que as provas são a salvação da humanidade e dos alunos, ou se têm consciência de que as provas são apenas mais uma ferramenta de avaliação no meio de tantas outras.

As dúvidas estão no artigo 22º, o que rege o número máximo de faltas que os alunos podem dar em cada ano lectivo. Não consigo saber qual o real limite de faltas.

2 — Sempre que um aluno, independentemente da natureza das faltas, atinja um número total de faltas correspondente a três semanas no 1.º ciclo do ensino básico, ou ao triplo de tempos lectivos semanais, por disciplina, nos 2.º e 3.º ciclos no ensino básico, no ensino secundário e no ensino recorrente, ou, tratando-se, exclusivamente, de faltas injustificadas, duas semanas no 1.º ciclo do ensino básico ou o dobro de tempos lectivos semanais, por disciplina, nos restantes ciclos e níveis de ensino, deve realizar, logo que avaliados os efeitos da aplicação das medidas correctivas referidas no número anterior, uma prova de recuperação, na disciplina ou disciplinas em que ultrapassou aquele limite, competindo ao conselho pedagógico fixar os termos dessa realização.

A minha primeira interpretação foi que o «número total de faltas correspondente a três semanas no 1.º ciclo do ensino básico [...],  por disciplina» correspondia ao número total de horas de horas de aulas durante essas três semanas. Como não sei qual a carga horária semanal dos miúdos, assumi que seria de 8 horas diárias e multipliquei estas 8 horas pelos 15 dias de aulas (as tais três semanas), o que dá umas generosas 120 faltas: um número mais que suficiente para os alunos, estejam ou não doentes.
Assumindo que este cálculo está correcto (provavelmente não está; eu estou com muitas dúvidas em relação a ele), 120 faltas num ano lectivo está longe de ser um limite deficitário e injusto para quem fica doente. Se está doente e tem que faltar durante boa parte do ano, um aluno deve poder transitar de ano? Não. Ele não tem culpa de adoecer, mas não é por isso que deve passar de ano. O lugar dos coitadinhos é nos canais generalistas (programa da Júlia e outras porcarias iguais).
Mas as coisas não têm, e não devem, ser tão rígidas como aparentam ser. Um aluno que tenha que faltar todas as semanas três horas por causa de consultas, alternado sempre as disciplinas a que tem que faltar, evitando faltar à mesma disciplina duas semanas consecutivas, não ficará assim tão mal preparado que tenha que realizar uma prova de recuperação ou não possa transitar de ano. Devia haver alguma flexibilidade nas faltas, e eu fiquei com a ideia de que o Estatudo do Aluno é um pouco rígido nesta questão.

É bem provável que eu tenha feito algumas interpretações incorrectas nesta minha curta análise ao sistema de faltas, porque tenho algumas dificuldades com "paleio" legal. Se quiserem explicar melhor este novo Estatuto do Aluno ou souberem onde está uma análise imparcial a ele, façam uso - mas não abusem - dos comentários.

publicado por brunomiguel às 11:47 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Domingo, 08.06.08

O milagre da multiplicação dos textos

A minha "pequena análise" ao gNewSense tornou-se, por sugestão do João Matos, em dois textos separados - que tenciono interligar, para que os leitores consigam perceber melhor os dois assuntos e porque os assuntos estão directamente relacionados. Agora, em vez da análise o gNewSense com a referência história ao sistema GNU, vai haver uma análise ao gNewSense e uma breve história do GNU/Linux desde os tempos de Richard Stallman no MIT.
O primeiro texto a ser publicado no Programas Livres deverá ser a análise do gNewSense sem a parte histórica do sistema GNU. A escolha recaiu neste texto por me parecer ser um assunto mais pertinente que mais uma história do sistema operativo GNU/Linux.
Bem, o objectivo da história do GNU/Linux não é apenas ser mais uma história: é ser um retrato histórico acessível ao utilizador dito normal - aquele utilizador que abre o browser para ver os mails e por umas fotos no hi5 e corre o processador de texto para escrever um documento qualquer.
Infelizmente, a publicação dos textos ainda vai demorar um pouco, porque só ao final do dia é que voltei a agarrar no texto. A culpa é do dente agarrado, que me tem lixado a cabeça nos últimos dias.

Tenho que dizer isto mais uma vez: já tinha saudades de pesquisar e fazer um sem número de revisões ao texto. Consegue ser um pouco cansativo e, por vezes, irritante, mas as pesquisas e as revisões dão um gozo do caraças.

Desculpem qualquer falta de nexo no post, mas eu estou cheio de sono!

Quarta-feira, 04.06.08

Já está quase

Já acabei o rascunho da análise (não é bem uma análise, mas anda lá perto) do gNewSense. Acabou por demorar menos do que esperava; umas horas - talvez seis?! - foram suficientes para escrever quatro páginas de texto e quase meia página de referências.

Agora, há que fazer as devidas revisões e alterar o que achar necessário. Se tudo correr bem, no máximo até ao final da semana já publico o texto no Programas Livres. Se correr mal, que é como quem diz, se me apetecer mudar tudo, só mesmo na próxima semana é que o texto aparece no PL.

 

Este texto trouxe-me à memória alguns artigos que escrevi à uns anos e que me faziam pesquisar um bom bocado sobre o assunto e reler o texto imensas vezes enquanto o escrevia. Já tinha saudades, pá! Foi um tónico para o cérebro.

Hoje, é quase só posts curtos no blog, sem pesquisas muito aprofundadas e sem leituras de 30 e mais minutos a vários artigos. São outros tempos, em que a informação tem que ser consumida à pressa, não vá ela perder o prazo de validade.

Análise ao gNewSense está no forno

A pedido do João Matos, estou a fazer uma pequena review ao gNewSense 2.0. Quer dizer, pequena ainda é; mas a continuar assim, vai acabar em três ou quatro páginas no OOWriter, se não for mais.

Em abono da verdade, tenho que dizer que esta análise tinha sido prometida por mim ao João no início do mês passado, se não estou em erro. Só que, como me esqueço de tudo, acabei por não a fazer. Mas agora já está a ser feita.

 

O texto deverá começar com uma pequena introdução histórica, para situar os leitores e para facilitar a compreensão do gNewSense. O resto do texto ainda está por escrever, mas deverá passar por uma explicação dos objectivos do projecto, a base e a filosofia - aquelas coisas da praxe.

 

Agora, vou dormir que já se faz cedo (sim, cedo, porque 2h da manhã não é tarde, é cedo) e o sono começa a apertar. Não tarda nada são 2:30 e eu tenho que acordar daqui a 7 horas.

publicado por brunomiguel às 02:06 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Sábado, 01.09.07

Será este o tombo do gigante?

pcs
Será que as previsões da queda da Microsoft no médio prazo estão correctas? Vamos analisar um pouco o passado recente da empresa, para podermos tirar algumas ilações.
Pouco tempo depois do lançamento do Windows XP, milhares de utilizadores tremeram com a infecção de worms como o blaster; foram milhares as máquinas infectadas e muitos utilizadores irados. Uns anos e dois “service packs” depois, o Windows XP pode ser considerado um sistema operativo assim-assim - continua a não ser nada de especial, mas está um pouco mais seguro e estável.
O Windows XP já me deu muita dor de cabeça. Independentemente do anti-vírus instalado, não obstante da firewall usada, acabava infectado e/ou a formatar o computador de 6 em 6 meses (no máximo). Se não fosse uma infecção, era a lentidão do sistema, que parecia demorar uma eternidade a abrir uma aplicação ou simplesmente a iniciar sessão.
Já não me recordo se foi um pouco antes, se um pouco depois, do lançamento do Vista, a Microsoft tentou impingir o IE7 como uma actualização prioritária, enganando muitos utilizadores – que ficaram compreensivelmente descontentes com isso (li muitas reclamações em vários forums). Outro movimento, talvez de marketing, que causou muito descontentamento foi o lançamento do WGA, como forma de combate à pirataria. Eu, felizmente, não tive estes problemas mas, na altura em que usava Windows, não gostei nada de ver que o WGA fazia "chamadas" para casa e que o IE7 estava marcado como prioritário (felizmente, tinha o hábito de ver os updates antes de os instalar e lá me safei do IE7 e dos problemas que ele deu a quem o instalou na altura).
Depois do Windows XP, o Vista. Este novo sistema operativo da Microsoft está a revelar-se um verdadeiro fiasco, dizem as más línguas. Por mais que a Microsoft diga que está a ter muitas vendas (as OEM devem ser o grosso do bolo), eu tenho visto muitas, mesmo muitas, reclamações deste novo sistema operativo e vários utilizadores a voltar ao WinXP. O Millenium 2,0 (Millenium, porque está a revelar uma qualidade igual ao Windows Millenium; 2,0, porque estamos a atravessar uma fase em que tudo é 2,0 – até a web – e Millenium 2,0 fica melhor que Novo Millenium) é um sistema operativo muito caro e, de acordo com quem o utiliza, muito mau; parece que as barracas com ele são constantes – não posso confirmar, porque uso Debian GNU/Linux. As reclamações que mais tenho visto e/ou lido deste sistema operativo são o bombardeamento excessivo de pop-ups do UAC (que até pede autorização para mover um ficheiro), BSODs constantes e uso desenfreado do processador, mesmo quando não se está a fazer nada.
Mesmo com estes problemas, alguns utilizadores dizem que o Vista é mais seguro que o Windows XP, mas não apresentam razões para isso. Será que é o efeito da máquina de marketing da Microsoft? O Tuxvermelho tem um post interessante sobre algumas infecções que assolam o Windows Vista – é uma boa leitura para quem acha que esse sistema operativo é mais seguro que o Windows XP.
Recentemente, o formato OOXML foi submetido para apreciação pela ISO; vários comités de vários países reuniram-se para decidir se aprovam ou não o formato. Esta votação tem causado muita polémica, ao ponto do voto sueco ser sido anulado por suspeitas de irregularidades. Agora fala-se que a votação de vários comités nacionais poderá vir a ser analisada, também por suspeitas de irregularidades no processo. Portugal, espero, será um destes casos, já que não foi permitido à IBM e a Sun a participação no escrutínio por falta de cadeiras e, depois, foi autorizada a entrada e participação a várias empresas parceiras da Microsoft (ViaTecla, Jurinfor, Primavera, etc...); pior ainda é o facto do presidente da comissão técnica portuguesa ser um representante da maior interessada neste processo: a Microsoft.
Para além da submissão do OOXML para standard ISO, a Microsoft rendeu algumas licenças para aprovação da OSI (Open Source Initiavite). A empresa procurou, com isto, tornar-se um nome no mundo open source. Mas como a votação do OOXML para standard tem vindo a causar tanta polémica, a OSI pondera rejeitar as licenças da Microsoft.
Esta vontade de querer que o seu formato e licenças sejam aprovadas rapidamente, revela algum receio de algo que ainda não consegui descortinar.
Com tudo isto, a Microsoft tem vindo a perder a confiança dos utilizadores (a quem não liga nenhuma à muito tempo). Será que, a continuar assim, será o fim da Microsoft no médio prazo? A mim, essa possibilidade parece ser, cada vez mais, uma realidade, embora continue a apostar num prazo de 10 anos. Mas esta é a minha opinião. Qual é a vossa?

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