A posição actual do Vaticano em relação ao uso de preservativo é clara: não deve ser usado e, ao contrário do que a ciência mostra, não ajuda a prevenir - e evitar - infecções do VIH. Aliás, eles até defendem que a utilização do preservativo contribui para o aumento do número de novos casos de infecções. Nalguns locais, a isto chama-se "obscurantismo"; noutros, apenas "perfeita idiotice". Mas temos que tentar respeitar a posição desta instituição político-religiosa, mesmo que as altas hierarquias dela (principalmente estas) não o façam [dizer que se faz não basta].
Dentro da própria instituição nem todos concordam com esta posição... vá, parva. Uma das vozes discordantes é a de um bispo de Viseu, que defendeu que as pessoas com vida sexual activa têm a "obrigação moral de se prevenir e não provocar a doença na outra pessoa". Assim que soube disto, o Vaticano começou logo a preparar uma resposta oficial a estas declarações que vão contra a sua posição oficial, que deverá ser tornada pública nos próximos dias.
Estou curioso para saber qual vai ser a tomada de posição do Vaticano em relação às declarações deste bispo. Surpreenderão o mundo ao aceitá-las, irão castigá-lo com chibatadas, excomungá-lo ou queimá-lo vivo? Para mim, a ordem da probabilidade da pena é inversa à das hipóteses que aqui apresentei. Mas, hei, posso vir a ser surpreendido pela positiva; já o fui com a declaração deste bispo e do bispo das Forças Armadas.
Para além da curiosidade em saber qual a resposta do Vaticano, mais importante para mim é conseguir perceber porque é que esta instituição quer condenar à morte milhares de pessoas e quer que outras tantas matem outros seres humanos através da infecção com o VIH. Eu acho que isto é motivado pelo medo de quebras nas contribuições feitas durante os peditórios das missas. Reparem nesta simples - e provavelmente correcta - lógica: se as pessoas compram preservativos gastam dinheiro, e se gastam dinheiro sobrará menos - ou mesmo nada - para dar à igreja; ainda por cima têm-se menos filhos, causando uma diminuição do número de fiéis, o que vai afectar, igualmente de forma negativa, as finanças da igreja. Um cenário destes é apocalíptico, por isso toca a culpar o preservativo, e que se lixem os danos colaterais.