De repente, começo a ver a minha vida a andar para trás. Simultâneamente, vejo-a a andar para a frente. Parece contraditório, e de certa forma é, mas a minha vida está a andar para a frente num campo e para trás noutro. É como esticar um elástico: uma ponta vai para um lado e a outra para outro.
Estou desempregado há uns tempos. Ando a ver se arranjo trabalho, mas não consigo nada. Isto está de tal forma que estou a começar a desesperar. Ainda hoje fui ao IEFP e não havia nenhuma proposta para a minha área de formação, nem para outras em que eu pudesse trabalhar. As únicas de que me falaram eram de hotelaria, mas essa é uma área que a mim não diz nada e onde não tenho qualquer conhecimento. Também duvido que alguém me desse emprego num café ou restaurante, porque tirar cafés em casa não é curriculum suficiente, principalmente quando, na maioria das vezes, pedem pessoas com experiência.
O resultado do meu desemprego é a falta de dinheiro e um desânimo cada vez maior da minha parte. Tenho que estar sempre a pedir dinheiro aos meus pais, e isso não ajuda nada a outra parte da minha vida que está a andar para a frente: a sentimental. Não ter dinheiro faz com que me seja muito difícil sair com a Vanessa, oferecer-lhe alguma coisa, até ir tomar café com ela. Bem diz o povo que, quando não há dinheiro, não há vícios; nem saídas com a pessoa que amamos, e quando as há, é com dinheiro dado pelos pais.
Como se não ter trabalho, e consequentemente dinheiro, já não fosse mau o suficiente, vejo nas notícias que o número de inscrições no IEFP ascendeu às 700 mil, só em Janeiro. Agora, ainda me é mais complicado arranjar trabalho. Quero começar a orientar a minha vida - ter as minhas coisas e começar a construir uma vida com a Vanessa - mas assim... Como raio é que o vou fazer?
Estou desanimado e cada dia me sinto um pouco mais em baixo. Não consigo arranjar trabalho, e ainda por cima vejo a Vanessa ir-se abaixo por causa do estágio e não vejo forma de a conseguir ajudar a superar isso. Sinto-me na merda. Custa-me estar assim e ainda me custa mais ver a mulher que amo triste (e tenho medo que a minha situação prejudique a nossa relação). Sinto-me como um pedaço de salsa que está a ser cortado para fazer um prato: corta, corta, corta, até ficar em pedacinhos muito pequeninos e insignificantes.
Hoje, enquanto lia o blog da Creative Commons, descobri um TweetCC: um serviço, criado pelo britânico Andy Clarke, que permite aos utilizadores licenciarem os seus tweets (mensagens enviadas para o twitter) sob a licença Creative Commons. Graças a ele, os meus tweets passam a estar sob a licença cc-by-sa-3.0. Isto quer dizer que os podem partilhar e adaptar, desde que me dêem os devidos créditos e os partilhem, assim como as adaptações, sob a mesma licença ou uma compatível. Para isso, basta-vos seguir-me no Twitter - e no Identi.ca, onde as mensagens ficam automaticamente sob a Creative Commons.
Obama's Elf é um vídeo muito porreiro que eu descobri através do Diskoballs. Podem vê-lo no Youtube, clicando aqui.
Se calhar é porque estou incrivelmente aborrecido, mas lembrei-me disto que tinha escrito à uns tempos atrás: "Nunca se sentaram no parapeito da janela e se perguntaram se valeria a pena viver?"